Metodologias ativas para o Bem Viver

As Metodologias Ativas para o Bem Viver pesquisadas e aplicadas no Ipeartes/Seduc-GO se configuram como um projeto-piloto no estado de Goiás e no Brasil. O conceito de bem viver aqui referenciado (sumak kasay, no idioma quéchua) retoma cosmovisões de povos originários de Abya Yala (América Latina) e pode ser compreendido como a convivência harmoniosa entre pessoas, natureza e um modelo socioeconômico de suficiência para todos/as, um “viver em plenitude.  
 
O bem viver, enquanto filosofia, ética e práxis que pode e deve transcender populações específicas de forma decolonial e antirracista, possibilita a construção de metodologias ativas para (re)estabelecer e valorizar as memórias e os saberes originários dentro dos processos pedagógicos. Essas metodologias buscam, portanto, educar por meio do respeito às memórias e à integralidade dos seres humanos, entendendo natureza e humanidade como una, por meio da arte/educação e de tecnologias sustentáveis. 

A educação integral é a abordagem teórica fundamental do Ipeartes/Seduc-GO, pois considera a formação dos sujeitos de forma integrada, levando em conta não apenas as dimensões cognitivas e intelectuais nos processos de ensino-aprendizagem, mas também os aspectos afetivos, estéticos, éticos, físicos, emocionais, transpessoais, ambientais, culturais e sociais. É a partir dessa integralidade que a escola expande para fora da sala de aula e de seus muros, ocupando espaços de vínculo com as comunidades locais. 

Trata-se de um conceito fundamental para a construção de comunidades educadoras, comunidades de aprendizagem e territórios educativos, pois considera a formação em diferentes níveis de realidade e percepção dos seres. É princípio assegurado na atual Lei de Diretrizes e Bases, na qual se reconhece o indivíduo em sua totalidade e não como ser fragmentado entre razão e emoção. Considera a emancipação dos sujeitos e a formação de cidadãos autônomos e conscientes de seu papel na mudança e transformação na sociedade. 

Nas ações do Ipeartes/Seduc-GO, a educação integral é aplicada para promover o desenvolvimento múltiplo dos sujeitos a partir da valorização da memória e identidade local, da biodiversidade do bioma Cerrado, da espiritualidade e dos saberes populares, do pensamento crítico, criativo e autônomo e do cuidado consigo, com o outro e com o meio em que se vive. Incentiva-se a construção de uma sociedade participativa, em prol do bem viver, da sustentabilidade planetária e da cultura de paz.

A arte/educação propõe processos de aprendizagem contextualizados e com intencionalidade pedagógica para serem experienciados em diálogo com o fazer artístico, através das artes visuais, dança, música e teatro. Está fundamentada nas Orientações Curriculares de Arte da Rede Estadual de Educação de Goiás. A metodologia proposta no documento caminha por três instâncias não-hierárquicas: compreensão crítica (desenvolver e ampliar o olhar sobre o mundo); contextualização (situar historicamente as representações e relacioná-las com outros contextos); e produção (experimentação em diferentes materiais, suportes e recursos expressivos).

O ensino através da arte/educação problematiza a hegemonia de um currículo escolar tradicionalmente hierárquico, eurocêntrico e monocultural. Abrange, por outro lado, múltiplas manifestações e representações culturais simbólicas, compreendendo outras formas de relacionar, ver e representar a cultura. Pretende-se que os estudantes sejam investigativos, criativos e sensíveis, constituindo-se integralmente. O processo de aprendizagem é espiralado e articulado à uma sociedade democrática, contribuindo para a promoção do pensamento crítico, científico e filosófico. 

Nas ações do Ipeartes/Seduc-GO, a arte/educação ressalta a importância da preservação da cultura como patrimônio coletivo, considerando a cultura e o sujeito como elementos centrais. Aplicada de forma (inter-, trans-)disciplinar, visa ampliar as possibilidades de pertencimento dos estudantes, valorizando as singularidades das expressões locais e dos próprios sujeitos em aprendizado. É na compreensão vivencial de que são parte da cultura que os(as) estudantes reconhecem a necessidade de apreensão das habilidades artísticas para se comunicar na comunidade e no mundo.  

A educação socioambiental amplia conceitos conservacionistas, direcionando a educação ambiental para a prática de uma cidadania ativa, com ações coletivas e organizadas para compreender e superar as causas sociais, estruturais e políticas dos problemas ambientais. Está diretamente ligada à educação integral, pois compreende as múltiplas dimensões humanas e valoriza o valor intrínseco de todos os seres vivos e as inter-relações entre todos os elementos do ambiente.

Um(a) educador(a) socioambiental não só está interessado na preservação ambiental e ecológica do espaço natural, mas também busca compreender e incentivar a concepção de projetos locais sustentáveis no território, considerando os aspectos humanos, econômicos, sociais, culturais e infraestruturais da região onde atua. Sua aplicabilidade é, portanto, (inter-, trans-)disciplinar e com ideais emancipatórios, buscando sempre o diálogo com o cotidiano dos(as) estudantes e das comunidades escolares envolvidas.

A educação socioemocional é um novo campo de estudo, conectado à educação integral, voltado ao desenvolvimento das inteligências emocionais, relacionais, comunicacionais e inter/intrapessoais no chão da escola. Um campo cada vez mais em expansão devido às urgências do cotidiano escolar na pós-modernidade. No Ipeartes/Seduc-GO, percebeu-se a necessidade de construir uma Educação Socioemocional voltada para os Direitos Humanos e da Terra, comprometida com a transformação social coletiva e com a valorização dos saberes locais. 

Com base em visões do bem viver, busca-se a promoção de uma cultura de valores humanos que respeite e valorize as diferenças e que busque mudanças na relação com o planeta, compreendendo a Terra enquanto ser vivo e sujeito de direitos. Nessa proposta, é construído o envolvimento com o território e a comunidade educadora, favorecendo processos que colaborem com a ampliação da consciência social, tomada de decisões responsáveis, autoconhecimento e empoderamento, cultivando valores humanos como empatia, respeito, justiça social e solidariedade 

As metodologias em educação socioemocional permeiam todas as ações educativas do Ipeartes/Seduc-GO de forma transversal e têm o objetivo de colaborar com a integração do ser em todos os seus aspectos – físico, mental, emocional, intelectual, social e transpessoal. A metodologia está fundamentada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no Documento Curricular para Goiás (DCGO) e no alcance de metas nacionais e internacionais de implementação de políticas públicas para os direitos humanos. 

A Pedagogia de Projetos defende a articulação entre teoria e prática em processos de aprendizagem significativa. Na busca por superar abordagens mecânicas, tem por objetivo ensinar por meio da experiência. Nessa metodologia, os estudantes são protagonistas, os professores são facilitadores e o aprendizado surge na vivência de situações problema. Os conteúdos curriculares são relacionados de forma globalizante no desenvolvimento dos projetos, em vez de apenas serem acumulados passivamente. Os estudantes pesquisam e experimentam de forma prática e ativa, decodificando situações problema criticamente. 

 

A Pedagogia de Projetos compreende que todo ser humano tem predisposição natural para aprender, ainda mais quando o aprendizado está conectado com o “fazer” e o poder de escolha. Dessa forma, se evidencia não apenas como metodologia para efetivar uma educação significativa, mas também como abordagem teórica em si. A relação dialética entre estudantes e professores facilitadores traz aos educadores novas perspectivas e desafios no seu fazer pedagógico, situando-os também como aprendizes de uma educação libertadora e firmada na realidade cotidiana.

A Pedagogia Waldorf foi concebida pelo filósofo e educador Rudolf Steiner (1861- 1925), na Alemanha. No Ipeartes/Seduc-GO, é aplicada de forma adaptada à realidade brasileira. Trata-se de uma abordagem pedagógica que compreende o ser humano em suas perspectivas física, anímica e espiritual, observando o desenvolvimento humano em ciclos de setênios (sete anos). Valoriza a relação afetiva entre educador e estudante, o respeito à individualidade, o desenvolvimento de habilidades artísticas e a atenção à natureza, buscando formar sujeitos livres, conscientes, criativos, sensíveis e com energia para cumprirem seus objetivos de vida e contribuírem para as transformações do mundo.  

 

As dimensões do pensar, sentir e querer são essenciais no caminho da aprendizagem dentro da Pedagogia Waldorf e são incentivados através de atividades artísticas, corporais e intelectuais de maneira interdisciplinar, objetivando o desenvolvimento das potencialidades individuais. Através dos tempos do ser em setênios, essa abordagem considera que: na educação infantil, a visão é de que o mundo é bom, onde a criança aprende pelas forças de imitação; no ensino fundamental, o mundo é belo e a arte é a base para a relação com o conhecimento; no ensino médio, o mundo é verdadeiro e o desafio é educar para que o jovem seja incentivado ao pensamento crítico e ao desenvolvimento de uma postura próativa na sociedade.

A Pedagogia Griô foi desenvolvida pela educadora e pesquisadora Lillian Pacheco, a partir da sua prática pedagógica no Grãos de Luz e Griô, ponto de cultura localizado em Lençóis, Bahia. Tem como referências pedagógicas as pesquisas brasileiras em educação biocêntrica, o pensamento de Paulo Freire e a educação para as relações étnico-raciais positivas. Essa abordagem coloca como centro do saber a vida, a identidade e a ancestralidade dos estudantes, onde a vivência, a oralidade e a corporeidade são elementos essenciais no processo de elaboração do conhecimento.  

 

Nas escolas, a Pedagogia Griô oferece uma iniciação pedagógica para a formação de educadores griôs e de griôs aprendizes, a fim de integrar mito, arte, ciência, história de vida e todos os saberes e fazeres tradicionais da comunidade no ambiente escolar. Nessa pespectiva, os(as) griôs e mestres(as) de tradição oral são reconhecidos(as) como protagonistas na educação da comunidade. São eles e elas as bibliotecas-vivas dos saberes e fazeres que fortalecem a identidade e a ancestralidade do povo brasileiro.  

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